Domingo de Novembro ….

 

Domingo, novembro…final de ano…hora de recomeçar a avaliar o ano que passou , onde erramos , o que pode ser feito no próximo ano.

Uma de minhas metas é continuar meus estudos, que por questão de mudança tiveram que ser parados. Mas com uma visão mais além, pois minha especialização está na cidade onde resido hoje e com certeza chegarei onde quero…

 

E quanto mais penso, mai amo a biologia forense. A genética tem muito ainda a ser descoberta. É um deslumbramento sem fim.

A genética e biologia forense é uma das áreas da ciência forense utilizada para apoiar e auxiliar a justiça.

 

O trabalho da biologia forense é muito amplo, inicia-se no local onde ocorreu o crime, e vai além. Exige-se concentração, pois nos detalhes está a solução de um caso.

Todos os vestígios, fragmentos devem ser levados em consideração. E deve-se proteger toda a cena do crime para evitar que alguma prova seja destruída.

 

O papel do perito não é acusar criminosos, e sim analisar fatos com base em conhecimentos científicos que serão avaliados no tribunal, quando confrontarão as provas.

 

 

Em 1985, Sir Alec Jeffreys apelida as características únicas do DNA de uma pessoa de "impressões digitais do DNA".

No decorrer da década de 1990, com a popularização da PCR, desenvolvem-se técnicas cada vez mais sensíveis, capazes de identificar a origem de amostras biológicas com muito pouco DNA.

 

E depois desta descoberta houve também o conhecimento dos casos de quimerismo, que podem confundir o trabalho pericial. Pois uma mesma pessoa pode conter dois DNAs distintos.

 

Enfim, se a base familiar estivesse bem estruturada, não existiram tantos crimes, tantas tragédias.

 

Se todos estivessem conectados com Deus, os abusos, assassinatos, etc. não existiriam.

 

Mas como a vida não é como queremos, o que podemos fazer é descobrir meios para diminuir as injustiças.

 

Chris

 

 

 

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Falando sobre Imunologia – Leishmaniose

 

Citação

Imunologia – Leishmaniose

Analisando alguns dados de imunologia , monta-se um paramêtro de estudo para um avanço em vacinas contra a leishmaniose .
Segue abaixo alguns deles.
 
   A Leucocitopoese é o nome dado a origem e maturação de células brancas ou leucócitos, à partir de células totipotentes, ou seja, células com alto poder de diferenciação encontrados na medula óssea. Células totipotentes também são responsáveis por formar hemácias e megacariócitos (que formam plaquetas). Então, as células totipotentes são responsáveis pela hemocitopoese e não exclusivamente para a leucocitopoese.
    Na formação do embrião antes do segundo mês de vida, o primeiro órgão hemocitopoético é uma parte derivada do mesoderma do saco vitelino. Neste local surgem ilhotas sangüíneas que são formadas por aglomeração de angioblastos. O sangue formado neste local não contem leucócitos, nem plaquetas e as hemácias estão nucleadas (eritroblastos primitivos megaloblásticos).
    Quando o embrião está no seu segundo mês de vida intra-uterina, inicia-se o "período hepatoesplênicotímico". O fígado e o baço passam a ser os órgãos hemocitopoéticos. O timo trabalha na maturação e produção de linfócitos para o embrião.Esses linfócitos T ainda não são capazes de realizar resposta imune, nem humoral nem celular, estando ainda num período de reconhecimento. No sangue do embrião neste período podemos encontrar leucócitos granulócitos, plaquetas, eritroblastos definitivos, com predomínio da hemoglobina fetal (HbS). A formação e o desenvolvimento do timo estão descritos no capítulo 2 (ítem 2.3.1).
    Quando o embrião está no seu terceiro mês sua clavícula começa a se ossificar e inicia-se a formação da medula óssea ( período medular-linfóide). Na medula óssea a célula totipotente (célula primitiva formadora das células do sangue) passa por diversas etapas de diferenciação e multiplicação, onde acabam formando células precursoras dos leucócitos. Essas células precursoras com alta atividade mitótica proliferam-se na medula e depois diferenciam-se em células maduras indiferenciadas na sua maioria ( com exceção dos linfócitos, pois seu desenvolvimento se faz nos órgãos linfáticos).
 

Imunologia da Leishmaniose

            A leishmaniose, doença transmitida pela picada de flebotomíneos infectados por protozoários do gênero Leishmania é doença endêmica em várias áreas do país.  O controle desta infecção depende do estabelecimento de uma resposta imune celular eficaz que leve à ativação dos macrófagos infectados para que estes destruam o parasita em seu interior.  O estudo de mecanismos usados pelo parasita para escapar desta resposta imune permite, não somente o entendimento da patogenia desta enfermidade como também o desenvolvimento de estratégias para o combate ao parasita. O tratamento convencional para tal enfermidade envolve a administração de sais de antimônio pentavalente por via parenteral.  Este tratamento é bastante tóxico e vários casos de resistência ao fármaco já foram relatados.  Devido às características do vetor, a única medida profilática adequada contra a leishmaniose é a vacinação.  Nesta linha de pesquisa são abordados aspectos da imunologia da leishmaniose cutânea e visceral, relacionados com a possível resistência natural ao parasita e com a indução de proteção por meio de vacinação.

Esta linha de pesquisa é conduzida o Laboratório de Imunoparasitologia pelos professores Luís Carlos Crocco Afonso e Simone Aparecida Rezende. ( http://www.nupeb.ufop.br/nupebnew/pos/lpq_01.htm)

 
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MSF pede que o Governo da Colômbia preste mais atenção às vítimas de violência sexual

 A taxa de violência sexual na Colômbia é alarmante. Um estudo conduzido pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) revela que 35% dos pacientes das clínicas móveis e 22% em clínicas fixas sofreram um episódio de violência sexual pelo menos uma vez na vida.

Uma vítima de violência sexual precisa de serviços de saúde abrangentes, que incluam cuidados médicos e psicológicos. Se oferecidos no máximo 72 horas depois do ocorrido, cuidados médicos podem ajudar a prevenir doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), incluindo HIV/AIDS, e gravidez indesejada. No entanto, poucas vítimas buscam cuidados de saúde a tempo e, quando o fazem, são confrontadas com múltiplos obstáculos, incluindo serviços inadequados ou insuficientes.

O estudo "Violência Sexual na Colômbia: um olhar integral dos projetos de ajuda humanitária em saúde de Médicos Sem Fronteiras" revela que, mesmo que a legislação colombiana reconheça a necessidade de oferecer às vítimas de violência sexual um pacote mínimo de serviços de saúde, essa mesma legislação restringe o acesso a ele.

Os primeiros obstáculos a atrasar o acesso a cuidados de saúde para as vítimas são: vergonha, medo pela segurança pessoal, a possibilidade de ser re-vitimizada e dúvidas em relação à confidencialidade dos serviços. Se esses obstáculos forem superados e as vítimas escolherem procurar ajuda médica, elas podem ser confrontadas pela falta de preparo dos profissionais de saúde. O estudo de MSF revela que os recursos humanos e físicos são insuficientes, faltam suprimentos e treinamento necessário para se implementar cuidados de saúde abrangentes para vítimas de violência sexual.

"Nossa experiência mostra que muitos dos profissionais de saúde não sabem o protocolo, não confiam nas ferramentas de diagnóstico e não têm medicamentos para tratar os pacientes que são vítimas da violência sexual", disse Oscar Bernal, coordenadora médico de MSF na Colômbia. As dificuldades logísticas e administrativas e a ausência de dados estatísticos também foram identificadas como obstáculos durante o curso do estudo.

Baseada na experiência em trabalhar com vítimas de violência sexual e nos resultados do estudo, MSF pediu que os profissionais de saúde fossem melhor preparados para oferecer serviços abrangentes e atenção a vítimas de violência sexual. MSF pede que governo colombiano esclareça as regras existentes que visam a dar assistência a vítimas de violência sexual. "A regulamentação deveria indicar quem é responsável pela implementação e as opções existentes para essas pessoas que procuram serviços de saúde nas primeiras 72 horas", diz Piero Grandini, coordenador geral de MSF.

Médicos Sem Fronteiras está na Colômbia desde 1985, oferecendo cuidados de saúde básicos, e assistência em saúde mental, sexual e reprodutiva. As equipes de MSF estão em 13 departamentos na Colômbia, nas áreas rurais e urbanas, através de clínicas fixas a móveis. Os programas de saúde sexual e reprodutiva incluem planejamento familar, exames pré-natal e suporte psicológico e às vitimas de violência sexual.

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Leishmaniose

Acompanhei um caso de Leishmaniose Viceral ( Calazar ) em Patos de Minas, num garoto de 17 anos . É uma das formas mais violentas pois acomete os orgãos internos e sua regeneração pode não ser satisfatória e comprometer a vida do paciente.
 
Os sinais do Calazar (leishmaniose visceral) aparecem em 4 a 6 meses e nas formas cutâneas ulcerosas em 3 a 4 semanas.
 
LTA – Os insetos, ao picarem, injetam saliva contendo as formas promastigotas de Leishmania, que se ligam a um ou mais receptores dos macrófagos, sendo subseqüentemente fagocitados e encapsulados no vacúolo parasitóforo que se funde com lisossomos.
 
Ocorre a perda do flagelo, com encolhimento do parasita, que se transforma na forma amastigota e se multiplicam, podendo chegar a romper o vacúolo para infectar outros macrófagos. As formas amastigotas estão adaptadas à temperatura corporal dos mamíferos e ao meio ácido dos fagolisossomos.
 
A doença ocorre porque o sistema imune entra em ação e ela se multiplica nos macrófagos. Um dia depois de muito ler e pensar fui falar com meu primo que é médico. Que a vacina teria que ser de uma forma que os macrófagos não reconhecem o corpo estranho…ele riu e disse…Chris quando vc descobrir isto , descobrirá a vacina contra a AIDS….
 
Mas na ciência nada fica imutavel…e é por isto que amo a ciência !
 
Já o pesquisador do US National Institute of Allergy and Infectiouns Diseases (NIAID), de Bethesda, Maryland, nas proximidades da Capital dos EEUU, Washignton, D.C., José Ribeiro tem uma linha de pesquisa baseada na saliva do inseto.
Os pesquisadores separaram as proteínas da saliva e identificaram uma delas, a SP15, que pareciam ser o alvo da resposta imune natural de camundongos. Então, de trás para diante, puderam identificar o gene que produz a proteína. Assim, foi possível criar uma vacina de DNA, a qual utilizaram para imunizar os camundongos.
 
Quando os camundongos imunizados recebiam os parasitas misturados à saliva da mosca, a infecção era marcadamente mais branda, com menor quantidade de lesões cutâneas e com o fim da infecção em seis semanas. Camundongos não vacinados desenvolveram grandes úlceras de pele, não eliminando o parasita. Como a mosca produz tanto anticorpos como resposta da célula T, os pesquisadores analisaram os camundongos para avaliar qual tipo de resposta imune detinha os parasitas.
 
 Ao vacinarem camundongos geneticamente modificados para não apresentavam anticorpos, descobriram que os mesmos ainda estavam protegidos pela vacina, o quer indicava que as células T protegiam os animais da doença.

Os resultados indicam que a vacina contendo um componente da saliva da mosca pode proteger os camundongos de sintomas severos associados à leishmaniose cutânea, talvez mimetizando a imunidade natural à infecção. "As pessoas são picadas por moscas por todo o tempo, sem desenvolver a doença", diz Ribeiro. "Pode ser que aqueles que desenvolvem a doença sejam apenas pessoas menos afortunadas, sendo picadas pela primeira vez por uma mosca contaminada, antes que uma mosca livre do parasita pudesse imunizá-las", finaliza.

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Quimera Genética

Assisti a pouco tempo uma matéria no canal Discovery sobre a "quimera genética" . Existem poucos estudos sobre o assunto. Mas a ciência relata 40 casos em todo mundo de quimeria onde uma pessoa tem no seu corpo duas identidades genéticas, como se fossem duas pessoas em uma.
 
Isso ocorre pela fusão de dois óvulos fecundados, na maioria dos casos ocorre de a criança nascer siamesa ou hermafrodita, porem no caso das duas quimeras relatadas no programa eram "completamente" perfeitas. Inclusive uma senhora não sabia que tinha o DNA modificado, mas ao fazer exames e coletar material de diversos lugares do corpo , viu-se que existiam mais de um código genético.
Os casos relatados são poucos , mas pode ter muitos outros que ainda não foram descobertos. A ciência ainda tem muito a descobrir neste vasto campo.
Já vi pessoas que tem um olho de cada cor , e é um dos sinais de possivel quimera. A pele também de duas cores, com uma risca central , parte branca, parte negra….
 
Você deve estar se perguntando , o que vem a ser quimera?
 
A quimera é quando um organismo é modificado , ocorre uma mutação no DNA e que ainda não foi explicado completamente , assim uma pessoa pode ter em seu corpo dois DNAs e que as vezes entra em choque .
 
Existe um caso de uma mãe que quase perdeu seus proprios filhos , pois os mesmos não continham seu DNA….apenas ficou comprovado que os filhos eram dela porque estava gravida e ao retirar material genetico do feto o resultado deu DNA diferente .
 
Está aqui um caso da medicina que pode solucionar muitas doenças.
 
 
Anna Christina Sebaio
 
 
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Sancionada a lei que estabelece procedimentos para o uso de animais

Publicada em: 13/10/2008 Sancionada a lei que estabelece procedimentos para o uso de animais em pesquisa científica

Depois de 13 anos de tramitação no Congresso Nacional, a lei que regulamenta o uso de animais em pesquisa foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (8/10). Do texto aprovado no início de setembro pelo Senado foram vetados apenas três parágrafos do artigo 11, que atribui competência ao Ministério da C&T para licenciar as atividades destinadas à criação de animais, ao ensino e à pesquisa científica. A lei cria o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que será responsável por credenciar instituições para criação e utilização de animais destinados a fins científicos e estabelecer normas para o uso e cuidado dos animais. O Conselho será presidido pelo ministro da C&T. A lei é de autoria do sanitarista e ex-presidente da Fiocruz, Sergio Arouca.

De acordo com a lei, a utilização de uso de animais fica restringida às atividades de ensino nos estabelecimentos de ensino técnico de nível médio da área biomédica e aos de ensino superior. O uso será permitido nas atividades relacionadas à ciência básica, ciência aplicada, desenvolvimento tecnológico, produção e controle da qualidade de drogas, medicamentos, alimentos, imunobiológicos, instrumentos e quaisquer outros testados em animais. Práticas zootécnicas ligadas à agropecuária não são consideradas como atividades de pesquisa.

Leia mais na Agência Fiocruz de Notícias.

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Características clínico-patológicas do carcinoma lobular invasivo de mama

 

São Paulo, 13 de Outubro de 2008

Embora o carcinoma lobular invasivo (ILC) é o segundo tipo histológico mais comum de câncer de mama, as implicações prognósticas de suas características clínico-patológicas permanecem controversas.

 

Pesquisadores italianos publicaram, recentemente, no Cancer, um estudo em que realizaram uma análise retrospectiva de uma grande série de casos tratados e acompanhados em uma única instituição, com o objetivo de avaliar o valor prognóstico/preditivo das características clínico-patológicas distintas, após revisão das preparações histopatológicas originais e das análises estatísticas.

 

Em geral, 530 pacientes portadoras de ILC puro (57% com o tipo clássico; 19% com o tipo alveolar; 11% com o tipo sólido e os 13% restantes com células pleomórficas, em anel de sinete, histiocitóides ou apócrinas), foram incluídas no estudo. O tamanho tumoral, o acometimento linfonodal metastático e o status hormonal foram confirmados como fatores prognósticos significativos. Além disso, correlações estatisticamente significativas foram demonstradas entre o tipo histológico "clássico" de ILC e menor risco de metástases em linfonodos axilares (P = 0,0005), número reduzido de linfonodos metastáticos (P = 0,04) e menor estadio tumoral (P < 0,0001). Pacientes portadoras de ILC de subtipo "não clássico" demonstraram número significativamente maior de eventos relacionados ao câncer de mama (razão de risco = 1,80; IC95% = 1,04 – 3,10) e tendência de redução da sobrevida livre de doença e da sobrevida geral.

 Os pesquisadores concluíram que as características clínico-patológicas tradicionais de ILC são marcadores prognósticos úteis e o subtipo histopatológico é papel prognóstico nestes tumores, sendo que o subtipo clássico de ILC possui desfecho mais favorável.

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O que vem a ser constelação Familiar

"Penetrar as Ordens do Amor é sabedoria. Segui-las com amor é humildade" (Bert Hellinger)

Existe uma força maior que nos impulsiona , e quando por ingênuidade a trasgredimos mesmo que seja com inôcencia , temos que voltar ao leito do rio para que o mesmo possa fazer seu curso novamente .

A alma é lenta , mas segura. Quando seguimos esta força motriz , o caminho é certo e seguro.

Christina

 

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Constelações em Pacientes Psicóticos

CONSTELAÇÕES FAMILIARES EM CASOS DE PSICOSE

 Gunthard Weber e Diana Drexler

 1. Sobre a teoria e a técnica do trabalho sistêmico com constelações

O trabalho com constelações familiares é um procedimento psicoterapêutico relativamente recente e controvertido. Ainda menos numerosas são até agora as experiências realizadas através dessa abordagem com pessoas que exibem comportamento psicótico. Tais experiências, contudo, são animadoras a ponto de justificar nosso relato a seu respeito. Dispensamos-nos aqui de apresentar os principios que fundamentam esse trabalho, (“ordens do amor”,  consciência pessoal e consciência do grupo familiar, etc).[1] Apresentamos apenas uma breve introdução, dedicando maior atenção aos aspectos que nesse trabalho com pacientes com diagnósticos de psicose nos aparecem como especialmente importantes.

1.1 O desenvolvimento do trabalho com constelações familiares
 
A técnica das constelações familiares foi desenvolvida em seus elementos básicos por Bert Hellinger, sobretudo nos anos 80 [2]. Desenvolveu-se e expandiu-se rapidamente no espaço cultural de lingua alemã e, nos últimos anos, também em escala internacional. Tem suas raízes na abordagem da terapia  familiar através de várias gerações [3]. Abordagens da terapia familiar orientadas para o crescimento já utilizavam há mais tempo representações espaciais para entender constelações de relacionamentos e para estimular modificações.[4] Depois que Bert Hellinger entrou em contato com  representantes da terapia familiar, nos Estados Unidos, e com o trabalho de escultura familiar, na Alemanha, ele começou a condensar insights sobre a dinâmica familiar, –  sobretudo os que tinham caráter estrutural e envolviam várias gerações -, com procedimentos da análise transacional [5], numa terapia breve de grupo, sob a condução de um diretor. Essa terapia ele denominou “Familien-Stellen” (método de “colocar” ou de “constelar” famílias). Esse trabalho era complementado, nas assim chamadas “rodadas”, por intervenções hipnoterapêuticas ou outras, de que se valia Hellinger, através do humor, da confrontação ou da narração de histórias para quebrar padrões rotineiros de pensamento e estimular novas alternativas de ação. Infelizmente, essa técnica de rodadas, onde os participantes relatavam, cada um por seu turno, seus sentimentos e suas questões, teve de ser abandonada quando Bert Hellinger passou a trabalhar com grupos muito numerosos.[6]

1.2 Comprensão do sistema e dos sintomas

Numa constelação são levados em conta todos os membros de um sistema familiar no âmbito de três gerações, de maneira a incluir os vivos e os mortos. Todos os membros da família tomam parte numa ordem básica[7] à qual estão permanentemente vinculados. Essa ordem básica inclui, por exemplo, o direito de todos a pertencer ao sistema e a precedência dos que vêm antes sobre os que vêm depois. As famílias onde os sintomas aparecem estão frequentemente em “desordem” no que toca a essas leis.

Os sintomas que estejam condicionados por  implicações sistêmicas sistêmicas manifestam a existência de um profundo amor resultante do vínculo, uma ligação inconsciente do indivíduo com seu grupo de origem. Isto faz com que alguns repitam os destinos de outros e queiram, em lugar deles, assumir algo de pesado, expiar ou até mesmo morrer. Tal necessidade de compensar se radica num pensamento mágico de caráter infantil, já que tal atitude não tem o poder de redimir essas pessoas nem de aliviar ou de anular seus destinos. Outra base para o desenvolvimento de problemas é a perda de conexão com as fontes dos laços familiares. Isto acontece, por exemplo, quando membros da família não são respeitados ou são esquecidos. Além da implicação sistêmica, devem ser ainda considerados, na geração de dificuldades psíquicas, os aspectos associados à evolução pessoal, por exemplo, a interrupção do movimento precoce da criança, dirigido geralmente para a mãe. No presente trabalho focalizamos preferencialmente as dinâmicas sistêmicas, dando menos espaço ao significado da história individual da vida e do processo da aprendizagem.

1.3 O processo da constelação

Em nossos seminários, que duram de dois dias e meio a quatro dias, trabalhamos com grupos de 12 a 14 participantes e com um máximo de 10 observadores participantes. Na constelação familiar cada participante do grupo monta espacialmente sua imagem interna de um dos seus sistemas (o de sua família de origem ou da atual, ou ainda de suas relações de trabalho), com a ajuda de representantes, escolhidos entre os integrantes do grupo. Esses representantes geralmente possuem pouquíssimas informações prévias sobre as circunstâncias da vida e da história das pessoas representadas. O terapeuta interroga os  representantes sobre suas sensações e sentimentos nos lugares que ocupam. As percepções dos representantes fornecem indicações importantes sobre as dinâmicas familiares e as conexões sistêmicas, pois é incrível como refletem exatamente, muitas vezes, as pessoas representadas, que não são conhecidas pelos representantes. O dirigente do grupo tenta a seguir mudanças de posição para os interessados, buscando, na medida do possível, o „melhor“ lugar para cada um do sistema. Quando se consegue isto, o terapeuta geralmente introduz o próprio cliente em seu lugar (até então ocupado por seu representante). Em conexão com determinadas frases[8] que diz às pessoas importantes de suas relações, ele muitas vezes experimenta de novo uma dor antiga e emoções que aliviam, e ganha novas perspectivas. A “imagem da solução”, quando ele a consegue acolher e interiorizar, desenvolve nele frequentemente efeitos que perduram por longo tempo.  

1.4 A inserção da constelação familiar no processo terapêutico

Evolução progressiva ou experiência de iluminação?

A forte expansão do trabalho com constelações tem despertado junto ao público, de um lado, expectativas fora da realidade e, de outro, críticas de simplificação sem seriedade. De acordo com nossas experiências, o trabalho da constelação familiar, justamente com pacientes que  exibem comportamento psicótico, só se recomenda no contexto de uma relação terapêutica e com uma acurada preparação. Os pacientes se inscrevem para os seminários de forma  autônoma e sob a própria responsabilidade,  mas geralmente são advertidos dessa possibilidade por seus terapeutas, que frequentemente também os acompanham nos seminários. Não devem apresentar sintomas psicóticos agudos. Muitos pacientes comparecem inicialmente a seminários, uma vez ou várias, como observadores participantes, não fazendo incialmente suas próprias constelações mas presenciando as de outros ou delas participando como representantes. Os terapeutas que lhes recomendam o trabalho ou os acompanham nele deveriam conhecer o trabalho com as constelações  e suas premissas, e o terapeuta que conduz a constelação deveria ter experiência com pacientes desses grupos de diagnóstico. Em seguimento a uma constelação familiar podem eventualmente surgir no paciente reações depreciadoras ou agressivas e até mesmo episódios psicóticos. Tais reações, que inicialmente interpretávamos como sinal de insucesso, hoje encaramos como medidas distanciadoras, que visam restabelecer a autonomia do paciente para poder lidar com o intenso desejo de estar próximo e de ser olhado, que se reavivou nesses seminários e foi satisfeito apenas por um curto período de tempo. Ultimamente, justamente em seguida a tais “pioras”, temos recebido com frequencia excelentes retornos de terapeutas relatando desenvolvimentos positivos depois de constelações familiares.   

2. Elementos terapêuticos do trabalho com constelações familiares
2.1 Esclarecimento da solicitação

Um fator importante do seminário de constelações é o esclarecimento do que se deseja do terapeuta. Quanto mais concretamente forem formuladas as questões e os objetivos, tanto melhor se poderá decidir qual corte do sistema deverá ser representado ou levado em consideração. A ampla dispensa de uma anamnese detalhada e o enfoque dirigido para soluções e recursos choca-se, às vezes com resistências, justamente por parte de pacientes com longa história de tratamento, como se estes tivessem de “defender” seu status de doentes e justificar seus problemas. Contudo, se os pacientes com diagnósticos de psicose recebem nos seminários o mesmo tratamento como todos os demais, eles logo mostram, muitas vezes, incríveis habilidades sociais e geralmente se integram em problemas ao grupo.

 2.2 A representação

O que se exige dos  representantes nas constelações é que se desprendam em larga medida de suas histórias pessoais, que percebam “sem intenções” e comuniquem as reações corporais, sentimentos ou sensações que emergem nos lugares que ocupam como representantes. Esta exigência de deixar “de fora” a própria história e as hipóteses de uma psicologia corriqueira (por exemplo, „Aquela pessoa está longe de mim – com ela não devo ter muito a ver), e de se entregar sem reservas ao que se sente, oferece a cada participante um exercício de percepção que no decurso do seminário vai sendo cada vez melhor dominado. Tem-nos surpreendido, repetidas vezes, a maneira diferenciada e sensível que exibem, como representantes, pacientes que antes apresentavam um comportamento psicótico. Alguns ainda precisam de uma ajuda inicial, tanto para entrarem num papel quanto para se “despedirem” dele, mas muitos vão apreciando cada vez mais a possibilidade de vivenciar papéis e lugares totalmente diferentes nas famílias. Numa constelação é possível perceber onde esses pacientes frequentemente encontram problemas: em viver relações intensas e em seguida voltar a si mesmos (quando, depois de uma constelação, abandonam os papéis que representavam).

 2.3 A vivência da imagem

Através do método de posicionar membros da família, com a ajuda de representantes, manifesta-se um aspecto vivencial que, à exceção do trabalho com esculturas familiares, raramente aparece em outras abordagens terapêuticas: a experiência subjetiva direta, realizada simultaneamente em muitos canais sensórios, envolvendo o lado fisiológico, o expressivo-motor, o emocional e então também o cognitivo.  Através dessa experiência direta que envolve o corpo e os sentidos, as imagens consteladas têm muitas vezes fortes efeitos emocionais e com isto podem ser revividas e trabalhadas. O que se procura, em termos de imagem sensível, é um lugar melhor para o protagonista. As mudanças nas sensações corporais e nas emoções dos representantes e do próprio cliente servem de instrumentos para validar a solução. Na imagem da solução ganham um lugar informações e pessoas até então excluídas. Quando o processo da constelação, com a imagem da solução, é significativo para o cliente, ele ativa novas formas de ver e de proceder em constelações familiares até então experimentadas como problemáticas. Como num rito de passagem, os passos individuais (as imagens intermediárias) são condensados numa experiência que se pode apreender e compreender.[9]

 3. Experiências já resultantes do trabalho de constelações com pessoas com diagnóstico de psicose

 Em contraposição às teorias e procedimentos de abordagens terapêuticas estabelecidas, exaustivamente formuladas e diferenciadas através de decênios, o trabalho com constelações, especialmente com pacientes de psicoses, só apresenta algumas experiências iniciais.[10] Essas experiências indicam que determinados padrões de relacionamento e determinadas dinâmicas sistêmicas aparecem mais frequentemente em sistemas com pacientes de psicose do que em outros sistemas. Isto não implica em afirmar que esses padrões estejam condicionando o aparecimento de psicoses. Entretanto, podemos verificar que  processo de trazê-los à luz e resolvê-los através das constelações frequentemente influencia positivamente e de forma duradoura o comportamento dos envolvidos.

Descrevemos a seguir algumas dessas características e dinâmicas de relacionamento em pacientes com diagnoses de formas esquizofrênicas,  inclusive alguns exemplos de casos.  

 3.1 Fragilidade na diferenciação entre o „eu“ e os „outros“.

 Nestas constelações, com mais frequência e de modo mais drástico do que em outras, os representantes expressam percepções que, num sentido mais amplo, se relacionam ao tema da „diferenciação entre si mesmo e outras pessoas no sistema“.  Os representantes se confundem com outros, sentem-se enredados e ligados como se fossem siameses e carecem de um espaço próprio perceptível; ou então se sentem colocados inteiramente diante do sistema ou para fora dele. Exprimem-se com marcada ambivalência, oscilam entre sentimentos de estarem fundidos, amarrados e obrigados, desejando ter autonomia e espaço livre, ou então se apresentam desorientados, desesperados ou mudos. Estas manifestações de participantes „ingênuos“ do curso em posições de representantes correspondem às descrições da dinâmica psíquica nas abordagens da terapia individual.[11] Nas constelações pode-se mostrar com frequencia que esses estados psíquicos perturbadores, opacos e quase insuportavelmente contraditórios possuem o seu equivalente em acontecimentos e processos relacionais obscuros,  traumáticos  e cercados de segredos do sistema familiar, em que os interessados estão implicados de forma muitas vezes inconsciente. Trata-se aí de dinâmicas que atuam  através de gerações. Nas constelações, o comportamento psicótico se manifesta como um esforço ativo para dominar inconciliáveis tensões e oposições, de caráter interpessoal e intrapsíquico.

 
3.2 Ligação profunda e identificação

Denominamos „identificada“ uma pessoa que, de modo inconsciente, está implicada com aspectos de um ou de vários membros da família e tenta imitar ou superar aspectos da vida dele(s). Segundo nossa experiência, tais identificações surgem principalmente quando membros do sistema  tiveram um destino especial, ou quando não são respeitados ou foram excluídos. Membros que se seguem no sistema familiar caem então em contextos de relacionamento em que muitas vezes, de forma inconsciente, repetem aspectos do destino dessa(s) pessoa(s) ou sentem a necessidade de resolver algo em seu lugar. Em famílias com formações sintomáticas esquizofrênicas, encontramos frequentemene formas especiais de identificação que descrevemos a seguir.

 
3.2.1 Identificação transsexual

Exemplo 1:

A mais velha de duas filhas desenvolvera um comportamento psicótico ao terminar seus estudos superiores. Apaixonara-se por um de seus professores, mas também não estava certa de que ela própria não fosse um homem, e durante semanas apresentou-se em suas aulas com trajes masculinos. Jamais conseguira trabalhar em sua profissão.  Na constelação, sua representante se postou ao lado da mãe e o pai afirmou que não tinha nada a ver com aquilo. Através de perguntas apurou-se que a mãe tivera um noivo e que o casamento fora impedido pelas injunções da guerra. Durante toda a sua vida, ela rejeitara seu marido, desvalorizando-o  em presença das filhas e também idealizando o noivo por sua melhor instrução. A cliente tinha cursara a mesma disciplina do antigo noivo da mãe e, como ela própria dizia, tomara o lugar dele junto da mãe.

Ela se sentiu liberada quando o noivo foi introduzido na constelação e quando ela disse, tanto a ele quanto à sua mãe, que nada tinha a ver com ele e que só queria viver a própria vida e aceitar-se plenamente como mulher. Em seguida colocou-se junto do pai e disse-lhe que ele era o responsável pela mãe.

Exemplo 2:

Um paciente, que vinha sendo diagnosticado como doente psíquico crônico e que fora criado num círculo de muitas mulheres, após um seminário assumiu-se abertamente como homossexual. A partir daí passou a mostrar sintomas bem mais raramente, completou com acompanhamento terapêutico uma exigente formação e há dois anos exerce sua profissão.

 3.2.2 Identificações duplas

 Particularmente pesada é a identificação simultânea com dois excluídos. Uma forma especial dela é a identificação simultanea com vítima(s) e autor(es).
 
Um exemplo:

Uma participante de um seminário, de cerca de 50 anos, com uma carreira psiquiátrica de muitos anos, tinha um pai de mãe solteira, que entrou na policia especial nazista e mais tarde foi vigia num campo de concentração. Através de perguntas, apurou-se durante a constelação que o pai dele era judeu e que nada se sabia sobre seu  destino. Com isto a paciente passou a compreender melhor seus sintomas, que já duravam anos, de ser simultaneamente simultaneamente perseguida e perseguidora.[12] Essa dinâmica foi por nós encontrada diversas vezes, por exemplo, nos chamados doentes mentais transgressores. Seja frisado, neste contexto, que com muita frequência tomamos à letra conteúdos de manias, que se revelam carregados de sentido. Se alguém se sente perseguido ou envenenado, perguntamos: quem na família foi perseguido ou envenenado? Ou, se alguém sente compulsão de lavar-se, perguntamos: quem na família precisava lavar-se? Não dispomos aqui do espaço necessário para entrar mais fundo nesta matéria. 

3.3 Segredos e tabus

Em constelações  de pacientes de psicoses pudemos verificar repetidas vezes que provocavam perturbação nesses pacientes relacionamentos confusos e mal definidos, como paternidade obscura, adoções mantidas em segredo, ocultação de um irmão gêmeo que morreu no parto ou durante a gravidez,[13] causas de morte obscuras ou ocultadas (por exemplo, um suicídio apresentado como um acidente). Devido a sentimentos de lealdade, os pacientes frequentemente não se atrevem a comunicar as incertezas que experimentam, fazer perguntas sobre elas ou investigá-las.

 3.4 Sequelas de culpa e de violência na família

Em famílias onde há psicoses parece também haver um número bem maior de segredos de família e de tabus relacionados com atos de violência, crimes e injustiças de que participaram, como autores ou como vítimas, membros da famía (geralmente de gerações precedentes). A culpa cometida ou experimentada geralmente não era encarada nem exteriorizada.

Ilustro com um exemplo de um seminário de constelações familiares:

Um homem de 33 anos, após uma grave tentativa de suicídio, procurou-me para uma terapia. Contou que nos últimos meses, quando estava se separando de sua namorada, retraiu-se de todo contato social e desenvolveu fantasias de perseguido e de perseguidor. Finalmente abriu a própria veia jugular e só foi salvo devido a circunstâncias felizes. Na época do início da terapia não mostrava sintomas psicóticos agudos, mas todos os sinais de uma grave crise de identidade e de autovalorização. Estava fortemente deprimido e padecia de sentimentos massivos de culpa, insuficiência e fracasso.Experimentava uma forte diminuição de seus impulsos e um retardamento motor, falava por monossílabos e estava grandemente limitado em sua expressão.Durante um ano de acompanhamento psicoterapêutico aconteceram vários episódios de crise e conversas em família com o pai e o irmão mais novo, que sempre exprimiam medo de uma recaída e pela vida dele. Ele se estabilizou, mas voltou a viver com os pais e cortou quase todo contato com o mundo exterior. Ele mesmo se queixava de falta de acesso emocional a si mesmo e à  tentativa de suicídio, experimentava-se como se estivesse cortado de alguma coisa e não „sentisse“ mais a si mesmo.

Sua participação num seminário de constelações familiares tinha o objetivo principal de retomar contato com outros (interessados). No decurso do seminário ele constelou sua família de origem (os pais, ele próprio e um irmão mais novo). Os representantes de todos eles disseram que tinham pouco contato com os próprios sentimentos. Como o representante do pai, na constelação da família, se virou e olhava   para fora, interrogamos o cliente sobre destinos ou acontecimentos especiais em sua família de origem. Apuramos que dois de seus irmãos tombaram na guerra e que seu avô voltara para casa ferido por um tiro na barriga. Fizemos com que o cliente incluísse na constelação os dois tios e o avô. Ele reverenciou cada um deles. Os representantes dos tios se sentiram olhados e honrados em seu destino, mas o representante do avô disse que não se devia reverenciá-lo pois cometera algo muito grave. Paralelamente já se tinham modificado antes os sentimentos dos demais representantes da família, de forma incomum e dramática. Todos eles se afastaram do representante do avô e mostravam um forte medo. Respondendo às perguntas, o cliente só pôde informar que o avô tinha sido um participante entusiasta da guerra. Experimentalmente foram então introduzidos representantes de vítimas da guerra, que se deitaram no chão. Sua presença provocou no representante do cliente uma veemente compaixão, enquanto o representante do avô permaneceu frio e distante. O representante do cliente se inclinou diante das vítimas, despediu-se também do avô, que fora colocado à parte da família, e deixou com ele a culpa. Em seguida foi colocado ao lado do pai.

Depois da constelação o cliente contou que da herança do pai ele tinha pedido para si a mochila de guerra (na ocasião, tinha sete anos). Essa mochila continha, entre outros objetos de uso, o livro de Hitler „Mein Kampf“ (Minha Luta) e uma velha pistola. Foi com essa arma que ele tentou suicidar-se e só recorreu à faca quando a pistola falhou. Foi profundamente tocante, para o cliente, sua vivência num grupo onde nem ele nem seu avô foram moralmente julgados, e no qual ele, de forma comovente, se dirigiu a seu pai e seu pai a ele. Por desejo próprio, ele terminou a terapia, depois umas cinco sessões adicionais, separadas por intervalos mais longos.

Dois anos depois, apareceu no consultório do terapeuta com um ramo de flores nas mãos. Relatou que tinha prestado com êxito seus exames finais como engenheiro, assumido um emprego e iniciado uma nova relação. Sentia que tinha „aterrissado bem na vida“. Disse que o seminário da constelação tinha sido a coisa mais difícil que conseguira na vida, e que fora incrivelmente importante para ele. 

3.5 Outros dilemas que pesam

Certas situações se tornam também insustentáveis para tais pacientes quando, além das implicações sistêmicas, se defrontam com vários dilemas de relacionamento. Podem estar colocados, por exemplo, entre duas pessoas relacionadas que estejam em conflito total entre si (por exemplo, seus pais ou a mãe e uma avó que também more em casa). Pode ser ainda que alguém tenha colocado para eles expectativas comportamento totalmente contraditórias e inconciliáveis, ou que várias pessoas ao mesmo tempo lhes tenham colocado expectativas diferentes e estressantes.[14]

Isto aconteceu, por exemplo, com uma paciente simultanemente identificada com agressora e vítima. Na constelação ela ficou em posição transversa entre a representante da mãe e a da avó paterna, que se odiavam mutuamente. Tais triangulações adicionais marcantes dessas crianças foram frequentemente encontradas por nós nas constelações. Suas soluções proporcionaram claros alívios adicionais. Quando os pais provinham de países diferentes ou pertenciam a diferentes comunidades religiosas, isto trazia aos filhos novos dilemas.

4. Conclusão

Requer-se uma grande experiência terapêutica para se lidar cuidadosamente com as “informações” reveladas nas constelações, tomando-as, sim, a sério, não porém excessivamente à letra. Talvez mais do que em outros métodos, existe aqui, conforme a formação e a mentalidade do praticante, o perigo da simplificação, de uma abreviação sem seriedade e da manipulação. Além disto, cada família tem o direito de manter seus segredos. Pode ser útil que, depois de uma constelação, familiares acrescentem às percepções, até então tomadas como “loucas”, informações que esclareçam os acontecimentos já registrados. Quando, porém, aquilo que emerge nas constelações passa a ser considerado como a única verdade válida, a confusão e as manias apenas ficam piores. Em nossa apreciação, o trabalho da constelação familiar, com sua perspectiva sistêmica que abrange gerações e a utilização da representação espacial, é uma complementação e um prolongamento essencial do espectro terapêutico no tratamento de pessoas que exibem um comportamento psicótico. Nossas experiências apoiam as tentativas de pessoas versadas em assuntos psíquicos, no sentido de buscar um entendimento de seus sintomas aparentemente incompreensíveis como “mensagens do mundo interior”[15]. Nossa tendência é de interpretá-los, antes, como indicações de implicações sistêmicas até então não compreendidas.

Tradução: Newton Queiroz

Rio de Janeiro, julho 2002

Citações

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          Nelles, W. (2002): Liebe, die löst. Einsichten aus dem Familien-Stellen (O amor que libera. Insights da Constelação de Famílias). Heidelberg (Carl-Auer-Systeme); a sair em Outubro de 2002

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[1] Ver a respeito Weber (1993)

[2]  ver Weber (1993); Hellinger (1994), (2001), Ulsamer (2001), Nelles (2002)

[3]  ver Boszormenyi-Nagy e Spark (1972), Stierlin (1981) e no psicodrama de Moreno (Moreno 1959)

[4]  ver Satir (1972), Scheflen (1972) , Duhl et al. (1973), Papp (1976)

[5]  ver Berne (1972)

[6] Para conhecer o trabalho com rodadas, recomendamos a edição de vídeo “Wie Liebe gelingt”(Como o amor dá certo), Carl-Auer-Systeme Verlag, Heidelberg.

 [7] Ver também Hildenbrand (2002)

 [8]  Ver Hellinger (1995)

 [9] Ver Baxa (2001)

[10]  Ver Langlotz (1999), Hellinger (2001), Ruppert (2002)

[11] Ver  Mentzos (19   ).

[12] Ver também relatos sobre famílias alemãs onde familiares foram envolvidos em ações criminosas na época nazista, ou foram vítimas de crimes: Hellinger (1998 und 2001a), Ruppert (2002).

 [13] Ver também Mayer (1998)

 [14] Ver também Simon et al. (1989) sobre dissociação sincrônica.

 [15] Ver Stratenwerrth e Bock (1998)

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Constelações Organizacionais

 
O presente ensaio fala das primeiras experiências colhidas com a transposição do trabalho de colocação de Bert Hellinger (Weber, 1993; Hellinger, 1994) para sistemas e organizações sociais maiores.

Parece temerário querer tirar conclusões a respeito de um sistema, de sua história e de seu estado atual para desenvolver idéias e soluções partindo simplesmente da imagem interna de uma organização que um homem colocou no espaço e da qual tomamos conhecimento por meio das afirmações de representantes.

A explicação para tais fenômenos parece ser essa: que o ser humano não percebe apenas elementos, fatos e estados isolados, mas também padrões e estruturas relacionais, isto é, redes de relações e constelações de sistemas. Deve ser possível “memorizar” essas informações complexas para que possam servir de esquemas cognitivo-afetivos a comandar as ações (cf. Ciampi, 1997). Parece que, na colocação, as imagens inconscientes podem ser restabelecidas em forma de imagens espaciais projetadas para fora, de modo que surge a possibilidade de encenar novamente certos contextos sistêmicos.

O segundo segredo está no fato de os representantes (dos elementos do sistema que é colocado) por sua vez também captarem de forma representativa a constelação exteriorizada do sistema bem como a situação daquele que é representado por eles, tendo uma percepção direta de toda a situação. As nossas experiências com colocações organizacionais e com o feedback de muitos participantes durante os últimos três anos confirmam a tese de que a reunião das colocações de imagens de organizações torna possível a descoberta de informações tão coerentes sobre estruturas, dinâmicas e interações dentro de um sistema que se torna perfeitamente viável desenvolver a partir delas vigorosas imagens de soluções.

Essas imagens no espaço se fixam tão bem porque o colocante as registra primeiro como observador externo e, depois, diretamente em si próprio já que ele mesmo se encontra dentro da imagem de solução. Os representantes, os observadores participantes e o colocante ficam direta e simultaneamente expostos às forças do sistema logo que o sistema todo for colocado. Desta maneira forma-se um campo sinergético onde todos podem experimentar numa sucessão imediata as antigas realidades e as novas possibilidades. Assim, todo o sistema do grupo de colocação é “infectado” primeiro pelo dinamismo da constelação do problema e, depois, pelo ambiente de solução.

A língua só consegue enfocar os acontecimentos de forma sucessiva. Para chegar à mesma quantidade de informações de uma colocação, seria necessário gastar muito tempo em perguntas. Como no caso da metáfora, a linguagem das imagens de uma colocação se grava com muito mais intensidade do que uma descrição falada, a não ser que a linguagem seja condensada em fórmulas rituais destacadas que, desligadas da rotina diária, dirigem seu apelo diretamente à alma, como é o caso das “frases de força”. Quando os representantes no fim da colocação dão vazão à sensação de alívio dentro de um quadro de solução recuperando a sua força no lugar que lhes é adequado, olhando com confiança para o futuro, e quando o colocante passa a ocupar finalmente o seu lugar, fica difícil para todos os envolvidos escapar desse clima de estímulo contagiante voltado para a conquista de soluções. Não que a descrição e sensação dos velhos problemas fiquem assim definitivamente afastadas, mas a experiência mostra que um quadro de soluções bem fundamentadas volta a aparecer continuamente diante do olhar da mente nos meses que seguem à colocação ativando dessa maneira a percepção das possibilidades e de novos caminhos para as soluções.

Outra observação prévia:

O fato de a Colocação Organizacional (CO) ter se originado da colocação familiar desenvolvida por Bert Hellinger poderia sugerir que existem ou até devam existir muitas coisas em comum entre as famílias e as organizações. Muitos costumam utilizar metáforas do ambiente familiar em suas descrições de organizações, e existem sobretudo equipes psico-sociais que tendem a assumir um clima familiar passando inclusive por dificuldades típicas de famílias. Por outro lado há às vezes membros de uma família que se comportam como se a família fosse uma empresa. Ambas as formas criam distúrbios.

Gostaríamos de alertar contra essa equiparação. Defendemos um enfoque separado porque os dois sistemas sociais obedecem em grande parte a regras e princípios de organização diferentes. As organizações não são comunidades de destino como as famílias. Mesmo que o trabalho assalariado se tenha transformado em muitos países industrializados numa entidade de identificação que avança fortemente sobre o âmbito familiar onde pode vir a provocar conseqüências de grande alcance existencial (veja p. ex. o desemprego); a grande diferença é que as pessoas, querendo ou não, são membros de uma família enquanto estão vivos e até além da vida, enquanto o vínculo com uma organização pode ser desfeito por ambos os lados. É verdade que alguns princípios da colocação familiar se aplicam também à colocação organizacional, mas é igualmente importante não perder de vista as diferenças que caracterizam uma organização.

I. O que é possível conseguir com a colocação organizacional (CO)?

A colocação organizacional se presta à obtenção de informações relevantes sobre um sistema em tempo surpreendentemente curto. O tamanho do sistema não tem grande importância. A colocação pode girar por exemplo em torno da cooperação entre várias empresas de um grupo, ou em torno da questão porque uma equipe pequena tem de agüentar durante longo tempo uma alta taxa de flutuação de seus membros.

– A colocação organizacional pode ser usada pelo colocante para definir seu próprio lugar e papel dentro do sistema em que trabalha, que ele lidera, supervisiona ou assessora.

– Os observadores participantes podem assumir, como representantes, diversos papéis, podem experimentar os processos de uma perspectiva interna ou externa, aprendendo aspetos importantes sobre a organização, talvez até como “clandestinos”.

– A colocação organizacional pode servir de subsídio para a tomada de decisões iminentes (p. ex. questões sucessórias,

– preenchimento de cargos e outras mudanças pessoais ou econômicas).

– A CO fornece indícios sobre relações e estruturas (coalizões, concorrência, rejeição, exploração, abuso de poder, dinâmica de bode expiatório) e

– sobre hipotecas do passado (p. ex. pela não menção dos méritos de um co-fundador ou pelo esquecimento de colaboradores afastados ou excluídos),

– informam sobre a percepção que se tem do desempenho dentro de um sistema,

– revelam confusões de contexto (p. ex. entre relações particulares e de serviço ou conchavos que ultrapassam os níveis hierárquicos).

– As colocações se prestam de modo especial para empresas familiares porque podem indicar que a solução de um problema depende mais da família dos proprietários ou dos executivos da empresa ou se existe a necessidade de mudanças em ambas as áreas.

– Colocações organizacionais informam sobre falta de apoio e de recursos

– sobre riscos de saúde

– sobre a orientação de uma organização em tarefas, no cliente ou em objetivos e

– sobre a energia e o clima dentro de uma grupo de trabalho.

– Com a ajuda de CO é possível representar determinados cenários (p. ex. piora da situação ou diferentes tipos de desempenho)

Estas são apenas algumas situações-modelo ou questionamentos em que as colocações organizacionais se revelaram úteis. O próprio Grupo de CO já é um ótimo modelo de tratamento e cooperação num clima de trabalho em que há respeito, incentivo e apoio mútuos.

II. Com quem é possível fazer colocações organizacionais?

A CO não serve para sistemas formados ocasional ou provisoriamente. Mesmo com funcionários de uma única empresa ou instituição devem ser usados com muito cuidado. A observação mútua é muito mais forte, e as conseqüências das palavras e das colocações têm mais peso para os funcionários, de modo que costumam prevalecer considerações de precaução e estratégia. Muitas vezes, os elementos de um sistema dispõem de grande quantidade de informações prévias que podem distorcer a percepção das sensações que fazem parte de um lugar de colocação. Diferenças de nível hierárquico e relações momentaneamente carregadas também podem distorcer as manifestações.

A CO pode ser útil mesmo nos casos em que o ambiente da empresa é marcado por respeito mútuo, um clima de cooperação e dedicação inovadora e aberta a experiências.

Há pouco realizamos seminários desse tipo. As nossas primeiras experiências nesses contextos são animadoras, mas é necessário aguardar o feedback de médio e longo prazo. Nesse caso precisa-se trabalhar com muito cuidado e atenção redobrada para tomar em consideração e abordar, conforme o caso, o grande número de conseqüências, de interações e de efeitos secundários. É relativamente fácil fazer esculturas organizacionais nas quais um elemento da organização coloca os seus colegas do modo que ele percebe o seu interrelacionamento. Mas assim se revelam antes de tudo relações atuais (p. ex. proximidade/distância ou simpatia/antipatia) sem produzir, segundo a nossa experiência, o mesmo efeito de confronto e alívio da CO.

Os melhores resultados obtivemos com grupos de CO em que foram reunidos elementos de várias áreas e organizações que não se conheciam antes. Nesse caso, todos se sentem protegidos e livres e têm o mesmo valor. Todos experimentam um amplo leque de constelações e, por isso mesmo, uma grande gama de soluções possíveis. Para esse tipo de seminário parece mais indicada a duração de dois a três dias.

II. Princípios do trabalho de colocação organizacional

Passamos a descrever alguns princípios básicos que orientam o nosso trabalho.

1. O direito de vínculo

Nas organizações, todos têm o mesmo direito de fazer parte. Mas esse direito acarreta também a obrigação de prestar uma contribuição condizente com a respectiva posição dentro do sistema no sentido de conservar e renovar a organização (veja abaixo). Normalmente, a organização cuida por sua vez de seus funcionários incentivando-os, e os funcionários se mostram leais à organização e comprometidos com as metas desta. Se um dos dois lados lidar levianamente com a vinculação do outro (p. ex. praticando um ‘outsourcing’ insensível ou adotando uma mentalidade de receber tudo da empresa) surge uma espécie de hipoteca na organização que onera a relação de confiança dos funcionários e sua dedicação e vice-versa.

2. Dar e receber

Nas organizações existe portanto uma espécie de contabilidade (Boszomenyi-Nagy, 1981) sobre o que um tem dado ou negado ao outro. Balanços desequilibrados fomentam a insatisfação e sentimentos de culpa exigindo um ajuste. Quem sofreu injustiças ganha poder, e quem costuma dar mais do que receber promove a ruptura das relações. Tanto o assistencialismo exagerado quanto a exploração têm as suas conseqüências.

A troca do dar e receber cria também nesses sistemas, vínculos e obrigações recíprocas entre os funcionários e a organização (“Meu avó foi o número 143 na Bosch e eu também trabalho lá”). Em algumas empresas tradicionais, por exemplo, até há poucos anos era difícil ser dispensado um funcionário que se mostrasse leal para com a empresa, mesmo que cometesse alguns deslizes mais graves. Trata-se no entanto de um vínculo que é menos forte do que nas famílias. Quanto maiores e impessoais se tornarem as organizações (por exemplo os grupos multinacionais) e quanto maior for a mobilidade exigida, tanto menos esses processos serão considerados por ambas as partes.

3. Tem preferência quem está mais tempo na empresa

Quando se trata de funcionários do mesmo nível, tem direitos mais antigos aquele que está há mais tempo na empresa. Os que chegaram depois dele deverão respeitar esses direitos. Esse princípio se aplica sobretudo aos iniciadores e fundadores da organização. Mesmo que a preferência seja das pessoas hierarquicamente superiores, convém a estas que saibam apreciar a experiência e os méritos daqueles que chegaram antes delas na organização. Do contrário, as novas vassouras varrerão com menos eficiência.

4. A liderança têm prioridade

As organizações têm necessidade de liderança. Mas a liderança precisa ser justificada por meio de resultados e desempenho adequado na respectiva função. Só assim o dirigente passa a ter autoridade e estima em sua posição. Mitos do tipo “Somos todos iguais” só criam insegurança e conflitos de relacionamento. Nesse caso, a equipe fica preocupada em saber como o chefe gostaria de decidir, ou surgem longas discussões infrutíferas quando é necessário tomar uma decisão. Num grupo de iguais, cabe a prioridade ao iniciador. O responsável pelas finanças da organização que cuida da sobrevivência econômica do sistema tem prioridade sobre os demais dirigentes. Assim, num hospital cabe a prioridade ao diretor administrativo e não aos médicos-chefes.

5. É preciso reconhecer o desempenho

Quando alguns funcionários, apesar de posição e remuneração iguais, têm competências ou habilidades especiais que garantem o sucesso e o desenvolvimento da organização, é necessário que se dê a estes reconhecimento especial e incentivo pelas contribuições prestadas, para que possam continuar na organização.

Nas colocações, esse fato não costuma manifestar-se em posições especiais e sim por meio de observações de reconhecimento da parte de dirigentes (p. ex. “Reconheço o seu empenho e a sua contribuição para o nosso sucesso e fico feliz em poder continuar trabalhando com você.”) Quando alguém se sacrificou pela organização a ponto de perder até a vida por ela, convém manter viva a sua lembrança.

6. Ir embora ou ficar

Em colocações organizacionais também surge freqüentemente a pergunta: alguém precisa ir embora ou pode ficar? Pode ficar quem precisa da organização e que corresponde ao posto que ocupa e à função que exerce. Quem não precisa mais da organização pode perder alguma chance interessante se continuar dentro dela. Às vezes é necessário também que alguém vá embora porque prejudicou sistemática ou egoisticamente outros dentro do sistema. Caso ele não vá embora ou não seja mandado embora, surgem lutas, problemas relacionais, desmotivação e perda de confiança. Funcionários excluídos, indevidamente dispensados, expulsos ou não promovidos por motivos não técnicos costumam emperrar ou perturbar o clima da empresa, às vezes são representados e imitados por seus sucessores.

Às vezes fica claro que um nível hierárquico se tornou supérfluo ou que existem funcionários demais para o trabalho a ser feito. Nesse caso é possível verificar por exemplo que a respectiva equipe encontra a solução criativa, porém improdutiva, de se revezarem em faltas por motivo de doença. Por outro lado, a colocação pode mostrar também que existem postos sobrecarregados de funções.

Nos casos de demissão da organização é importante tanto para a organização quanto para o funcionário em questão que o desligamento se realize num clima de compreensão e respeito mútuo, para que a organização continue sem ter problemas e o ex-

funcionário chegue bem em seu próximo emprego. Muitas vezes se enfraquece quem volta à organização da qual saiu.

Bons rituais de boas-vindas e de despedida facilitam esses processos nas organizações. Nas colocações, esses processos podem ser manifestados por exemplo pelo uso de determinadas frases.

7. Organizações são sistemas voltadas para tarefas

Existem muitos grupo de trabalho que perderam de vista grande parte de suas tarefas. Os funcionários começam então a se ocupar consigo próprios, com problemas de relacionamento ou com queixas contra “os de cima” e a situação. Quando o coordenador de um grupo de CO chega a ter essa impressão, é importante confiar a alguém o cuidado com a tarefa, a meta ou os clientes.

8. Fortalecimento ou enfraquecimento?

Na colocação de uma organização fica logo patente se alguém ocupa seu lugar com energia boa e tranqüila ou se está enfraquecido. No lugar certo e adequado, a pessoa se sente segura, despreocupada e com boa energia. Por isso é tão importante encontrar esse lugar. Em postos usurpados, as pessoas têm fantasias de grandeza e de portam com arrogância. Em postos que enfraquecem, as pessoas não se sentem valorizadas, não se dão valor, ou falta-lhes apoio. Sensações de fraqueza reveladas por colocantes em colocações organizacionais estão freqüentemente ligadas a padrões ultrapassados e ao contexto de destinos familiares da origem.

9. O novo e o velho

Novas idéias são aceitas com dificuldade em organizações que não sabem dar valor àquilo que existe atualmente e que geralmente garantiu bons resultados durante longo tempo. É melhor prestar primeiro reconhecimento ao que existe, em vez de atacar logo o antigo para impor as suas próprias idéias e planos. O recém-chegado deve primeiro procurar orientar-se vendo aquilo que é válido dentro do sistema e inserindo-se nele. O mesmo vale também para grupos de projeto. Mas não é necessário mostrar a todo momento o quanto se estima o antigo. Trata-se sobretudo de uma atitude interior. Os convencidos atrapalham a sua própria vida e a dos outros na organização. Em geral não ficam por muito tempo. Com um procedimento desses, até reais competências podem ser mal empregadas provocando rupturas.

Atualizado em ( 03-Abr-2008 )

http://www.institutohellinger.com.br/index.php/Textos/Gunthard-Weber-Brigitte-Gross.html

 

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